ALIVE – Amplificadores de Madeira
Esse é um pequeno gesto para celebrar com os nossos clientes, que assim como a gente, acreditam que pequenas gentilezas geram grandes transformações.
Eles foram feitos com com madeiras que estruturavam as esquadrias do edifício ACBEU, projetado por Gilberbert Chaves, personagem relevante da primeira geração de arquitetos baianos e reconhecido pelo projeto da casa de Jorge Amado e Zélia Gatai (atual centro cultural Casa do Rio Vermelho), subjetivamente, são um pouco mais.
O design e a execução de Jonas Ximenes e Guilherme Schall (Oficina Pau D’arco) são um ponto fora da curva: atualmente, poucos são os marceneiros dispostos a trabalhar a madeira dura (de lei) para a marcenaria fina em um processo artesanal. Ao utilizar a massaranduba e o Pau D’arco (nome comercial do Ipê, uma árvore simbólica do país) o que eles recuperam é uma série de saberes antigos—o trabalho de carpinteiros envolvidos na construção original, por exemplo. Outras memórias permeiam o objeto: a do ACBEU como a primeira grande escola de inglês da cidade que ainda operava como centro cultural, e a de um outro momento da construção civil—onde o uso ostensivo da madeira denota a despreocupação completa com questões ambientais.
Mas nem tudo é memória. Se por um lado, a recuperação da madeira é tradição, por outro ela simboliza o novo.
A extração das peças fez parte da primeira desconstrução realizada por um empreendimento em parceria com a Arquivo, empresa pioneira dedicada ao reuso de materiais no Brasil. O esforço é inovador no país—empregando novas tecnologias como detectores de metal e extratores de prego pneumático, desenvolvidas especialmente para o reemprego de elementos de construção em seu contexto atual—e inspirado em experiências internacionais. Os Amplificadores refletem o começo desse novo momento: onde a desmontagem substitui a demolição sempre que possível, reduzindo o consumo de matéria-prima e a produção de resíduos, com foco na sustentabilidade.
Os amplificadores, feitos pela Arquivo em parceria com a oficina Pau D’arco e o empreendimento Alive tem essa qualidade dupla de memento e desejo. São os primeiros objetos de um futúro que se constrói com o passado, integrando a noção de economia circular.
Texto: Pedro Alban
Fotos: Jonas Ximens
Video: Thiago Matos
Playlist: Carlos Andrade